FPI - Fórum para Provedores de Internet
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
FPI - Fórum para Provedores de Internet


Você não está conectado. Conecte-se ou registre-se

A QUESTÃO É, QUAL A TECNOLOGIA USAR ?

Ir para baixo  Mensagem [Página 1 de 1]

demattos

demattos
MODERADOR
MODERADOR

A QUESTÃO É, QUAL A TECNOLOGIA USAR ?

Vale apena a leitura e comentar.

Questão de fibra

Teles, provedores de Internet (ISPs), operadoras de telefonia locais, novos investidores. Muita gente está de olho na possibilidade de oferecer serviços de vídeo, a partir da perspectiva de outorgas de novas licenças pela Anatel e de aprovação do PLC 116 no Senado.

Mas diferentemente da situação de dez anos atrás, quando foram dadas as últimas licenças, hoje há diversas opções de arquiteturas e tecnologias de rede, dependendo do bolso do investidor, de seus projetos comerciais e de suas apostas para o futuro. “Olhando para o vídeo, os princípios ainda são os mesmos de quando começamos”, conta Rodrigo Duclós, diretor de tecnologia da Net Serviços, maior operadora nacional de cabo. “A melhor rede para distribuir vídeo e dados ainda é a HFC (rede híbrida de fibra óptica e cabo coaxial). A decisão a ser tomada é quanto de ‘F’ e quanto de ‘C’ você vai usar”, completa. Ou seja, até onde se vai com a fibra e com o cabo. Esta decisão, explica, é tomada em função dos planos oferecidos, do produto, da densidade da área e da competição. Ao pensar uma rede, conta Duclós, tem que haver um planejamento de como será sua evolução. “Este é o grande atrativo da HFC, ela é naturalmente à prova de futuro, o custo/benefício é muito atrativo”, diz.

Duclós lembra que quem for construir hoje uma rede do zero tem uma vantagem sobre quem construiu no passado: a ausência do legado analógico. Ou seja, uma rede nova, que nasce 100% digital, pode utilizar toda a banda de forma otimizada. Uma rede razoável, que permita todos os serviços com qualidade, deve ter no mínimo 1 GHz de capacidade, estima Duclós. Ele acredita que o fiberto-

the-home (FTTH), a fibra levada até dentro das residências, pode até ser uma alternativa atraente para localidades novas, se houver um plano de negócios que justifique seu emprego. Mas ele reforça que uma rede híbrida de fibra e coaxial sem legado analógico já permite uma grande variedade de serviços.

O gerente de tecnologia da Embratel, Luiz Fernando Bourdot, pensa de forma similar. “A rede HFC é a mais eficiente, flexível e preparada para o futuro”, diz Bourdot. Seu grande atributo, conta, é evoluir sempre. “É uma tecnologia evolucionária, não revolucionária. Ao longo dos anos evoluiu sempre, sem perder o legado. Foi verdade nos últimos 20 anos e será nos próximos 20”, diz. Mesmo em um cenário no qual tudo trafegue em IP, isso ainda será verdade, diz o engenheiro. Segundo ele, o FTTH é muito bom, mas a implantação por home passed custa dez vezes mais, e não há nada que ela faça que não se possa fazer em HFC também.

Essa evolução, explica, é uma preocupação da Embratel, que vem planejando e instalando redes HFC em várias cidades brasileiras. Embora o foco seja no mercado de massa, residencial, explica, a empresa também precisa destas redes para atender ao mercado corporativo. A arquitetura, portanto, é feita de forma a poder também atender diretamente com fibra onde houver necessidade.

“Há uma maneira simples de chegar com fibra nesses clientes, usando o RFoG (RF over Glass), uma solução simples, que já é padrão do SCTE. Funciona como a rede HFC, mas a parte que seria coaxial trafega em uma fibra óptica, com sinal analógico. É como criar um micronode dentro da casa ou empresa do assinante, com um desempenho melhor e sem ruído, pois na fibra não há ingresso interferência) de sinal”, explica Bourdot.

Desta forma, diz ele, o custo operacional cai, porque a rede óptica é passiva (não alimentada e sem amplificadores), o que reduz os gastos de manutenção. “Nos EUA estão usando muito isso em novos condomínios, e até valorizando o imóvel, porque anunciam como sendo FTTH”, conta. Outra opção, diz, é a arquitetura GPON. Neste caso, usa-se um comprimento de onda da fibra para a rede DOCSIS, e outro para GPON. “Poderia-se fazer tudo, vídeo e dados, com o DOCSIS 3.0, mas o CMTS é caro, só se paga quando compartilha com muitos clientes.

Com essa arquitetura, podemos atender grupos menores”, explica Bourdot. Os principais fabricantes de soluções GPON são Huawei, Alcatel-Lucent, Motorola e Ericsson. As vendas de equipamentos com esta tecnologia cresceram 40% no primeiro trimestre deste ano, e 70% em comparação com o mesmo período do ano passado. Ele diz não acreditar que o DOCSIS 3 seja uma boa solução para novas operações, especialmente em cidades pequenas. “Tem a vantagem de estar pronto e ser escalonável, mas não se paga para um grupo pequeno de usuários”, conclui.

100% fibra

Há quem enxergue as coisas de maneira diferente, porém. “Essa coisa de gostar de cabo ou de fibra é como religião. Cada um segue a sua, acredita naquilo”, conta Virgílio Amaral, responsável pelo desenvolvimento de produtos de vídeo para o grupo Telefônica. Ele explica: empresas de telecom têm uma tradição, uma cultura de gestão IP. “Se você colocar RF, CMTS nas redes destas empresas, vai virar um elefante de pescoço comprido”, brinca. “Para uma telco, como a Telefônica, é melhor fazer tudo IP, usar sua infraestrutura, suas metroredes já existentes. O mundo dos dados faz sentido para ela, já tem monitoração, experiência com isso”, prossegue. “A telco já tem redes redundantes, anéis ópticos, não vai jogar isso fora”, conclui. Ele confirma que uma rede de fibra óptica até a casa do assinante é muito cara, só para quem tem muito dinheiro. Mas que esta será sem dúvida a arquitetura do futuro. “Estive na África do Sul em 2006 e voltei agora para a Copa. A diferença é incrível. Antes, a banda larga média era de 200 kbps, celular era caríssimo. Agora conectaram tudo com fibra, ficou ótimo. Foram obrigados a isso. E nós, como será para a Copa e as Olimpíadas? Vamos precisar de redes para atender tudo isso, as transmissões serão em 3D, HD, vai precisar de conexão, e não só no Rio e São Paulo”, questiona Amaral.

Quem vai atender esta demanda toda, segundo ele, são as grandes teles: Telefônica, Oi e Telmex (Embratel). “Não tem como não ser fibra, pros estádios, centros de imprensa. Mas tudo isso tem que ser pensado pra atender também o usuário final”, completa. Virgílio, que durante muitos anos operou, e ainda opera, com redes HFC na TVA, concorda com os benefícios do cabo coaxial: tecnologia madura, preços já amortizados, fácil manutenção, resistência, flexibilidade. “Mas o cabo também tem problemas. É muito sensível a descargas externas, à chuva. O cabo é quase um para-raios, numa tempestade queima fonte, amplificador. Também recebe muita

interferência de sinais externos, pois é RF. A fibra não tem isso”, conta. A fibra, explica, acaba com problemas de falta de energia. Sua gestão é mais simples e barata. E com a multiplexação por comprimento de onda (ou seja, cada sinal é transmitido em um diferente comprimento de onda, ou cor, dentro da mesma fibra), pode-se multiplicar a capacidade do meio físico, sem instalar novos cabos.

Por outro lado, há uma grande dificuldade de instalação dentro das residências e escritórios, por falta de espaço nos dutos e pela dificuldade de corte e fusão das fibras, que exige um maquinário complexo e caro e mão de obra especializada.

Por isso, mesmo a solução FTTH preconizada pela Telefônica aposta em algumas alternativas para fazer a última milha, o acesso final aos terminais dos usuários.

“O que a gente faz é ir com a fibra até o apartamento, e de lá distribuímos o sinal com rede Ethernet ou PLC (Powerline Communication - transmissão através da rede elétrica). Mas o PLC limita a banda, e tem problemas de aterramento. É bom para dados, mas não para vídeo”, explica Virgílio.

Outras alternativas são usar o próprio cabo coaxial, ou uma solução wireless. “Estamos tentando soluções sem fio e funcionam bem. O problema é o custo, em torno de US$ 80 FOB por ponto”, conta o executivo. A Verizon, nos EUA, usou uma arquitetura híbrida para seu serviço FiOS, uma referência mundial em FTTH, conta Virgílio. Eles chegam com dois sinais na casa do assinante: uma fibra puro IP para dados, e uma de RF para vídeo. A vantagem, explica, é que para prover serviço de dados não se quebra a cultura da tele, e o vídeo trafega com boa qualidade. Mas isso foi em 2005.

Passados quase seis anos, o cenário mudou. O que deve fazer quem está construindo uma rede hoje? Apostar em RF, que está maduro, mas que pode ficar caro em dez anos, se for ficando obsoleto? “É como a situação de você ficar muito tempo esperando passar um ônibus no ponto. A cada momento você se pergunta se já é hora de tomar um taxi, ou se espera um pouco mais. Quando você resolve entrar no taxi, o ônibus chega”, brinca Virgílio. Traduzindo, o operador deve decidir hoje se banca ou não um custo mais alto na casa do usuário, apostando no que virá no futuro. “Hoje o cabo atende bem, mas no futuro eu penso que não. Com fibra você pode transmitir vídeo 1080p a 25 Mbps, vídeo 3D a 30 Mbps. Quando esta demanda vier, no futuro, o cabo pode não atender”, completa.

Outra questão levantada por diversos especialistas é a da distribuição de vídeo pelo sistema broadcast convencional, usando a plataforma DVB-C com MPEG-2 ou MPEG-4, ou o uso de uma distribuição por IP (IPTV), ou seja, ponto-a-ponto usando a rede de dados.

Segundo Luiz Fernando Bourdot, da Embratel, o IP para broadcast (distribuição de canais) não agrega nada, só custo. O driver para IP, explica, é o nãolinear,

o on-demand. “Aí, o IP é rei”, afirma.

Para Duclós, da Net, é uma decisão complicada, pois vivemos hoje uma transição de tecnologias. “Me parece que ainda não seria o momento (de migrar para IP)”, diz. Pesa para o DVB-C, conta Duclós, a maturidade do sistema. “Já existe, funciona, está pronto. Para quem for entrar, é muito rápido. Mas se for alguém que possa correr mais risco, experimentar com uma tecnologia menos madura (IP), pode valer a pena”, afirma. “Não tenho dúvida que o jeito mais barato de distribuir hoje é com DVB-MPEG. Por quanto tempo é a questão. Se você me perguntar daqui a seis meses, talvez seja diferente”, completa.

Mobilização

A maior parte dos fornecedores se prepara para uma nova onde de consultas sobre construção e ampliação de redes. Segundo Hélio Durigan, diretor de engenharia da

Furukawa, muitos ISPs (provedores de Internet) buscam informações sobre como usar sua infraestrutura atual para oferecer vídeo, quando saírem as novas licenças. Segundo ele, a empresa trabalha com três modelos de implantação: HFC tradicional, fibra até a rua (armário) e, em alguns casos, fibra até a casa (FTTH). “Incentivamos o uso da fibra, pela flexibilidade. Você pode dimensionar como quiser. Temos casos de projetos com nodes até de 64 usuários”, conta Durigan. Ele relata que alguns ISPs de médio porte vêm consultando a empresa, mas ainda não estão fazendo projetos. Mas afirma que a Furukawa não vai trabalhar, como no passado, com projetos turnkey (em que a empresa monta toda a infraestrutura e a rede). A Furukawa tem um contencioso com a TV Cidade até hoje por conta de um projeto turnkey que não teria sido pago. A empresa apenas venderá equipamentos e materiais e fará treinamento de mão de obra. “Este, aliás, pode ser um grande problema: a falta de mão de obra especializada para mexer com fibra, pois com a redução dos projetos de rede, muita gente saiu desta área”, conta o executivo. “São raros os clientes que já têm uma rede pronta para os três serviços, voz, vídeo e dados”, conta o consultor de negócios para redes fixas da Alcatel-Lucent, Eliseu Alencar Barros. “Nossa orientação é que qualquer projeto de rede hoje tem que contemplar tudo”, diz.

Segundo ele, para uma oferta completa de serviços, será necessário um novo tipo de rede, e necessariamente se falará em FTTH ou FTTB (fiber to the building). “Este é o cenário mais interessante para o Brasil, levar a fibra até o prédio, próxima ao cliente”, conta. “Para novas operadoras, uma estratégia em cima de coaxial ficará ultrapassada”, afirma Barros. A aposta da fabricante para a última milha é o GPON, pois teria a vantagem de permitir reserva de comprimentos de onda para trafegar TV a cabo. “Você pode fazer um sistema de IPTV, e na casa conectar um settop box por IP ou HPNA. O GPON permite os dois cenários. A CPE aceita terminais HPNA com o uso do cabeamento existente ou um sistema novo de IPTV”, conta.

Outra solução apontada por Barros é o uso do VDSL2 (variante, com muito mais capacidade de dados, do ADSL, usado hoje pelo serviço de banda larga das teles) para a distribuição de sinais dentro dos prédios e das casas, utilizando a fiação telefônica existente. Testes recentes da Alcatel-Lucent conseguiram velocidades de 200 Mbps com a tecnologia, usando pares combinados. “É muito

novo, e o custo ainda é alto, mas tem a vantagem de usar o cabeamento já existente, e por isso vem crescendo muito rapidamente. Não são necessárias novas obras, passar fiação. E também, com a difusão da 3G (banda larga celular), essas redes podem ser usadas como backhaul, para fazer a interligação das ERBs (estações radiobase). Isso amortiza o custo da instalação. A banda larga fixa

será o meio para a banda larga móvel”, diz Barros. O VDSL2 é uma solução para a conexão dentro de prédios ou casas, mas não para a rede externa, pois seu sinal degrada com a distância. Seu alcance é de algumas centenas de metros apenas, enquanto o GPON pode se estender por até 20 quilômetros.

Hoje, conta Barros, fala-se em GPON de nova geração (NGGPON), com velocidades de até 10 Gbps. “Ou seja, a evolução para novos serviços está garantida”, conclui.

Olho no custo Enquanto este tipo de solução, mais cara e mais “à prova de futuro” atrai a atenção das grandes operadoras, o mercado apresenta também plataformas de custo baixo e rápida implantação, com foco especialmente, mas não apenas, nas entrantes, nas novas operações e nos provedores de dados ou voz que planejam oferecer vídeo no futuro próximo, assim que obtiverem suas licenças.

Uma destas soluções é a Fiber Deep, que faz a distribuição da última milha usando cabo coaxial passivo, sem necessidade de fontes e amplificadores. Segundo Yuval Schwartz, da Aurora Networks, uma rede assim pode ser construída como um jogo de Lego: crescendo à medida em que se acrescentam módulos. “Numa rede HFC comum, ativa, quanto mais cresce a demanda por dados, mais nós têm que ser criados, cada vez com menos assinantes. O custo é alto, precisa de mais amplificadores, manutenção”, explica. “Numa rede, fibra é 30% dos custos, e os ativos são 70%. Isso é bom para os grandes fornecedores, que ganham com a venda desses ativos. Com Fiber Deep, o custo de manutenção cai muito, pois a última milha, por cabo coaxial, é passiva”, conclui Schwartz. A tecnologia já tem, segundo ele, 4 milhões de homes passed instalados

em vários países. “É uma arquitetura muito flexível, e migra facilmente para diferentes topologias, FTHH, GPON, RFoG”, conta ele. A Fiber Deep também promete ser uma tecnologia “verde”, pois reduz o consumo de energia na rede em 50%.

Outra solução, já em uso em operadoras no Brasil, é a HPNA (leia artigo à página 70). Ela também usa fibras ópticas no backbone e cabo passivo na última milha. “O HFC tradicional usa o padrão DOCSIS, que faz upstream e downstream em faixas diferentes, e precisa de amplificadores bidirecionais. É um custo alto para um pequeno provedor. No HPNA, o upstream e o downstream são numa única faixa, reduzindo o custo do terminal para abaixo de R$ 450, já incluído o rateio do backbone”, conta João Marcelo Corrêa, diretor técnico e comercial da Cianet.

Segundo ele, um pequeno ISP pode deixar a sua rede pronta para transmitir vídeo assim que obtiver uma licença. “Quem vai começar do zero não precisa de uma rede muito larga, pois não tem o legado do analógico. Usando HPNA, com 450 MHz ele pode trafegar 100 canais SD, 50 canais HD, dados e voz”, conta Corrêa. Nesta arquitetura, o last mile é passivo. Um modem na casa do assinante se liga a um switcher HPNA, ligado ao backbone por fibra ou GPON. Esse switcher também pode ser ligado a um transmissor Wi-Fi, atendendo até mesmo uma pequena área urbana. “Foi feito em Parati (RJ), com uma oferta de 256 kbps. Poderia ser WiMax também, e se alguém quiser mais banda, é só levar um cabo até lá”, conta Corrêa. Segundo ele, a parte mais cara da solução ainda é o modem, por uma questão de escala. Um switch master outdoor, como o desenvolvido pela Cianet, custa R$ 1,8 mil e atende 160 casas, ou seja, apenas R$ 11 por assinante. “O modem ainda custa R$ 160, mas vai cair logo. Só a AT&T está instalando 170 por mês nos EUA”, diz o executivo.

fonte : http://www.teletime.com.br/8/2010/questao-de-fibra/tt/201607/revista.aspx

Ótima revista.



Última edição por Marcio Marques em Ter 15 Jan - 6:27, editado 3 vez(es) (Motivo da edição : Ajustes)

http://www.criciumanet.com.br
Compartilhar este artigo em: reddit

Nenhum comentário

Ir para o topo  Mensagem [Página 1 de 1]

Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos